Novas pesquisas sugerem que fumar e ingerir bebidas alcoólicas aumentarão chance de falha na restauração dental
Por um longo tempo na Odontologia, os materiais de preenchimento tem sido um tema de intenso interesse e, agora, novas pesquisas fora dos Estados Unidos e no Brasil têm sido acrescentados ao debate. Os pesquisadores, da University of Pittsburgh School of Dental Medicine, nos EUA e da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco, no Brasil, investigaram um grande número de registos dentários do Pittsburgh School’s Dental Registry e DNA Repository, que contém informações sobre o preenchimento do paciente e taxas de fracasso até cinco anos após procedimentos restauradores. Ele também contém informações sobre estilos de vida do paciente, incluindo tabagismo e etilismo, e uma amostra de DNA de cada paciente, permitindo que a equipe possa investigar se o estilo de vida do paciente e fatores genéticos podem afetar a taxa de falhas de preenchimentos compostos.
De acordo com o artigo, as resinas compostas para restaurações dentárias tornaram-se uma alternativa viável à amálgama. As falhas, às vezes, não podem ser facilmente explicadas, logo, os pesquisadores levantaram a hipótese de que um componente genético pode influenciar a longevidade das restaurações. “Pretendemos determinar se existe alguma evidência de diferença no desempenho de amálgamas x resina composta em restaurações posteriores extensas. Também objetivamos determinar se fatores de risco como idade, sexo, tabagismo, consumo de álcool, estado de diabetes e estado de saúde periodontal podem ter um papel nas falhas de restaurações compostas anteriores extensas.” Os dados utilizados para realizar a pesquisa foram obtidos no projeto Dental Registry and Repository DNA após a seleção de 4.856 pacientes. Todas as restaurações foram avaliadas em 1, 2 e 5 anos após a colocação da restauração. 6,266 amálgamas e 2,010 restaurações compostas foram analisadas em um total de 807 pacientes em um período de aproximadamente 10 anos (período correspondente à existência da base de dados). Foram também estudadas 443 restaurações de resina composta direta extensa em dentes anteriores. As taxas de queda de amalgamas e restaurações compostas são semelhantes e, no final de 5 anos, os compósitos superaram as amálgamas. As falhas de restaurações de composições anteriores ocorreram frequentemente em homens que fumavam (p = 0,05), apesar de um número similar de mulheres e homens que fumavam na amostra (116 indivíduos fumavam – 54 mulheres e 62 homens). O consumo de álcool aumentou a taxa de falha dentro de 2 anos (p = 0,03). Encontramos uma associação estatisticamente significante entre a metaloproteinase da matriz 2 rs9923304 e a falha nas restaurações compostas (p = 0,007). As resinas compostas podem substituir as restaurações de amálgama. Fumar e ingerir bebidas alcóolicas aumentará a chance de falha na restauração.
A equipe constatou que no prazo de dois anos após o procedimento, os preenchimentos falhavam mais frequentemente em pacientes que faziam uso de álcool e a taxa de falha de preenchimento total foi maior em homens que fumavam. Além disso, a diferença do gene para matrix metaloproteinase (MMP2), uma enzima encontrada em dentes, estava ligado a maior falha de preenchimento. Os pesquisadores, então, admitiram a hipótese de que a MMP2 pode ser capaz de degradar o vínculo entre o preenchimento e a superfície do dente e, potencialmente, levar ao fracasso. No entanto, de acordo com os pesquisadores, mais investigações precisam ser feitas antes de tirar conclusões definitivas.
Em uma interessante rodada no debate entre o amálgama e preenchimentos compostos, verificou-se que não existem grandes diferenças entre os pacientes que receberam o material em termos de taxas de falha de preenchimento. Os pesquisadores sugeriram que esta mostra de preenchimentos compostos é pelo menos tão durável como restaurações de amálgama e oferecem uma alternativa viável com ingredientes não tóxicos. “Uma melhor compreensão da suscetibilidade individual para doença dentária e variação de resultados do tratamento permitirá que o campo odontológico avance”, disse o autor principal do estudo, Alexandre Vieira, do Pittsburgh Dental School’s Department of Oral Biology. “No futuro, informações genéticas podem ser usadas para personalizar os tratamentos dentários e melhorar os resultados do tratamento”.
Fonte: Dental Tribune